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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) — Ministro do governo FHC, deputado constituinte e fundador do MDB e do PSDB. Esses são capítulos da trajetória política de Euclides Scalco, que morreu na madrugada desta terça-feira (16), aos 88 anos, vítima de covid-19.
Um de seus quatro filhos, Carlos conta que Scalco passou mal na sexta-feira (5), em Curitiba, tendo diagnóstico inicial de AVC.
Com agravamento do quadro respiratório, foi submetido a exames para detecção de Covid-19. O resultado positivo saiu na segunda-feira. A viúva, Terezinha Marcolin Scalco, também contraiu a doença. Mas não apresenta sintomas. Scalco deixa quatro filhos, sete netos e cinco bisnetos.
De fala pausada e gestos contidos, comandou a campanha de Fernando Henrique Cardoso à reeleição, em 1998. Três anos depois, foi acionado para coordenar o gabinete de crise em um dos momentos mais críticos do governo: o apagão elétrico.
Então presidente de Itaipu, cargo que exercia desde 1995, Scalco assumiu a coordenação do grupo responsável pela redução do consumo de energia no país. Revezou-se entre Brasília e Curitiba no segundo semestre de 2001, vivendo de terça à quinta em um hotel de Brasília.
No ano seguinte, a convite de FHC, deixou a diretoria-geral de Itaipu para assumir a Secretaria-Geral da Presidência da República.
Com origem no PTB, Scalco estreou na política em 1961 como vereador em Francisco Beltrão (PR). Sua última disputa eleitoral foi em 1994, na chapa do tucano José Richa, candidato ao governo do Paraná.
Saiu do PSDB no ano seguinte por discordar da filiação do grupo político do senador Álvaro Dias, seu adversário no estado. Voltou ao PSDB a pedido de FHC em 1998.
Gaúcho de Nova Prata (RS), Scalco se formou em farmácia-química pela Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 1954.
Foi proprietário de farmácias em Mussum (RS) e Bento Gonçalves (RS). Em 1959 transferiu-se para o município de Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná, onde foi dono da farmácia e policlínica.
No Paraná, iniciou as atividades políticas, tornando-se secretário do diretório municipal do PTB em Francisco Beltrão, município no qual se elegeu vereador (1960-1962) e, em seguida, prefeito (1963-1964).
Atuou em movimentos de trabalhadores rurais ligados à Igreja Católica, militando na Juventude Agrária Católica (JAC) e participando do trabalho de catequese familiar.
Foi assessor da Associação de Estudos de Orientação e Assistência Rural na região de Francisco Beltrão, entidade da qual seria presidente de 1967 a 1970.
Durante a ditadura, foi um dos fundadores, em 1966, da seção paranaense do partido oposicionista, Movimento Democrático Brasileiro (MDB), por cuja legenda foi eleito novamente vereador em Francisco Beltrão, tendo exercido o mandato até 1969.
Em 1970, estudos de pós-graduação de economia agrária na Universidade de Louvain, na Bélgica, e de economia no Instituto Lebret, em Paris, França. De volta ao Brasil, elegeu-se suplente de senador. Em 1978 elegeu-se deputado federal pelo MDB, depois PMDB. Na Constituinte, foi vice-líder de Mário Covas.
Ao lado de Covas, FHC e José Richa, foi um dos fundadores do PSDB.
Com o fim do governo FHC, voltou-se para a política do Paraná. Em 2006, assumiu a coordenação do conselho político da campanha do senador Osmar Dias (PDT) ao governo do Estado. Roberto Requião (PMDB) foi reeleito.
Em maio de 2008 Scalco assumiu a coordenação geral da campanha de Beto Richa, de quem é padrinho de batismo, à reeleição para a prefeitura de Curitiba. Mas afastou-se durante a montagem do governo. O corpo de Scalco será cremado na tarde desta terça-feira, após cerimônia restrita à família.
"É muito triste, depois de tanta luta, ver a partida de meu pai em um momento tão nebuloso, marcado por negacionismo", lamenta Carlos.
Fonte: Catia Seabra/Folhapress
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